sexta-feira, 27 de junho de 2008

ROUPA NOVA



Fotografei ontem o show do grupo Roupa Nova.
Foi interessante.
Fazia muito tempo que eu não ouvia as músicas do grupo - os anos pesaram...
Umas das músicas que gosto muito:

A força do amor
Abriu minha visão
O jeito que o amor
Tocando o pé no chão
Alcança as estrelas
Tem poder
De mover as montanhas
Quando quer acontecer
Derruba as barreiras...

Para o amor
Não existem fronteiras
Tem a presa quando quer
Não tem hora de chegar
E não vai embora...

Chamou minha atenção
A força do amor
Que é livre prá voar
Durar para sempre
Quer voar
Navegar outros mares
Dá um tempo sem se ver
Mas não se separa
A saudade vem
Quando vê não tem volta
Mesmo quando eu quis morrer
De ciúme de você
Você me fez falta...

Sei!
Não é questão de aceitar
Sim!
Não sou mais um a negar
A gente não pode impedir
Se a vida cansou de ensinar
Sei que o amor nos dá asa
Mas volta prá casa...

quarta-feira, 25 de junho de 2008

“Capturei a luz. Interrompi seu vôo”


A frase é de Louis Jacques Mandé Daguerre.
Considerado um dos pais da fotografia - voltarei a falar sobre isso e relembrar o trabalho de Hercules Florence no Brasil -, Daguerre fez a foto acima em 1837.
Em 1835 o comerciante francês jogou dentro de um armário uma placa revestida de prata e exposta à luz. No dia seguinte ao abrir o armário encontrou uma imagem revelada. Após vários testes de eliminação com os produtos que estavam no armário, descobriu que a revelação tinha sido feita por ação do mercúrio.
Um dos desafios seguintes de Daguerre foi o de fixar as imagens, já que elas desapareciam com a continuidade da exposição à luz. A solução veio da cozinha: as imagens mergulahdas em uma solução de sal aquecido, ficavam inalteradas.
Em 1839 a invenção foi vendida ao governo Francês, que via nela uma grande aliada nas investigações de guerra.
Em 19 de agosto de 1939 a Academia de Ciência e Artes de Paris, doou o novo invento à humanidade.
A foto é do estúdio de Daguerre.

sábado, 21 de junho de 2008

Access to Life






Access to Life é um documentário maravilhoso sobre a aids no mundo. Oito fotógrafos da Magnum retrataram 30 pessoas em 9 países. Todas são portadoras do vírus e foram fotografadas antes e de depois de quatro meses de tratamento antiretroviral. O resultado está em nove peças audiovisuais.
Os países foram Haiti, Peru, Mali, África do Sul, Swazilândia, Ruanda, Rússia, Índia e Vietnam. Os fotógrafos foram: Jonas Bendiksen, Eli Reed, Paolo Pellegrin, Larry Towell, Larry Towell, Gilles Peress, Alex Majoli, Jim Goldberg e Steve McCurry.
A dica é do Punctum.
O trabalho pode ser visto em:
http://accesstolife.theglobalfund.org/

sexta-feira, 20 de junho de 2008

quinta-feira, 19 de junho de 2008

DISJUNTOS 4



Praia do Mole, Florianópolis. Alagado, Ponta Grossa.

DISJUNTOS 3



Pipoqueira da Praça Santos Andrade, Curitiba. Escada da residência acadêmica da Universidade Fernando Pessoa, Porto.

DISJUNTOS 2



No alto, Campos Gerais. Abaixo, Parque Bariqui - Curitiba

quarta-feira, 18 de junho de 2008

DISJUNTOS 1



dois conjuntos
são disjuntos
se não tem membros em comum


Este é um tabalho que realizei para uma exposição na UP.
É uma série de 10 disjuntos. Na construção das imagens procurei organizar discursos completamente diferentes e absolutamente similares.

Formam este primeiro disjunto, uma babosa da casa de minha mãe e meu querido amigo Antonio Manuel, fotografando no mercado do Bolhão - Porto.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

sábado, 14 de junho de 2008

Minhas conversas com Deus


Para quem não sabe, adoro conversar com Deus. Segue o relato de uma desses papos:
Na quarta-feira recebi um convite para fazer um trabalho MUITO interessante. Um novo projeto fotográfico, sobre o qual contarei numa próxima oportunidade. Conversando com Deus sobre esse trabalho e já desejando estar a campo, percebi que precisava comprar uma nova objetiva: uma nikkor 28-80 com 2.8 de abertura, no mínimo.
E, é claro, como uma boa devota, já pedi uma ajudinha. Apelei, confesso, ao fato de estar sem namorado em pleno dia deles, choraminguei, choraminguei...
No dia seguinte, quinta-feira, fui abordada por uma moça, minha conhecida, que pediu para conversar comigo por alguns minutinhos. Ela colocou uma bolsa velhinha na minha frente e disse que queria me dar aquele presente. Curiosa e surpresa perguntei: “Presente para mim? Certeza? Por quê?” Ela, timidamente me respondeu mais ou menos assim: “conversando com Deus Ele me disse para te presentear. Estou obedecendo”.
Adivinharam? Dentro tinha uma objetiva nikkor 28-80 2.8 de abertura e mais alguns mimos: uma câmera maravilhosa e um flash...
Qual será o final dessa história? Ainda não sei. Alguém tem um palpite?

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Ainda hoje


MAS...
há uma tese que diz que as melhores fotos de beijo são aquelas que flagram o momento que o antecede; o instante da expectativa.
Gosto da idéia.
Daí, segue o meu (quase) beijo favorito.

Hoje





Para homenagear esse dia dos namorados, algumas fotos de beijos memoráveis.

domingo, 8 de junho de 2008

70 mil fotos


A canon lançou um comercial da nova câmera EOS Rebel XSi.
Vale a pena dar uma olhadinha no making of.
Dez fotógrafos fizeram 70 mil imagens.
Embora quase todas as fotos tenham sido feitas com o modelo top da marca, a EOS 1D Mark III, o processo é ótimo.
Ali se mostra algo que sempre digo: fotografar é, também, bailar.
O comercial e o making of estão no endereço:
http://www.usa.canon.com/app/html/NFL/index.html?id=commercial

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Lula disse



"DE VEZ EM QUANDO FICO PENSANDO QUE A AMAZÔNIA É IGUAL ÀQUELES VIDROS DE ÁGUA BENTA QUE TEM NAS IGREJAS E TODO MUNDO ACHA QUE PODE METER O DEDO."

Ao discursar em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente.
A foto é do site: greenpeace.blogtv.uol.com.br/amazonia

quinta-feira, 5 de junho de 2008

FOTOGRAFIA, ENSINO E CELULARES IV



O DESAFIO
Um dos grandes desafios atuais do ensino de fotojornalismo é fazer com que o aluno compreenda que há conotações sociais projetadas nas fotografias jornalísticas e que esta conotação é capaz de construir/interferir um discurso e/ou moldar as relações entre os interlocutores, seus enunciados e seus referentes.
Fotografar se aprende fotografando e lendo fotografias, sempre foi uma das máximas de minhas aulas. Comecei a ensinar fotojornalismo em 1992.
Naquele tempo, imaginava que o ideal seria ter alunos que carregassem uma câmera nas mãos, 24 horas por dia. Mal poderia imaginar que no século seguinte isso se tornaria realidade. Porém o que se observa é que o aparato, ao contrário de educar o olhar o desvirtua na medida em que impede a compreensão da fotografia enquanto uma narrativa e como tal, se serve de elementos de cognição e discurso.
Nos grandes jornais, fotógrafos que aprenderam a fotografar com equipamentos mecânicos, revelar em condições extremas, como os banheiros dos hotéis e não poucas vezes utilizando a água do vaso sanitário para lavar o filme revelado, se adaptam às novas redações.
Esses fotógrafos são possuidores de talento incomum, decorrente do olhar acostumado a recortar a cena antes mesmo de observar através da objetiva. Junto a eles alguns jovens que são apaixonados pela fotografia e se submetem a compreendê-la, são o suporte da fotografia jornalística de qualidade.
São repórteres fotográficos que possuem um olhar mais apurado, uma lentidão necessária ao momento de observar, e uma rapidez de disparo no momento decisivo, para citar Cartier-Bresson.
Parece sensato concluir que o que importa ensinar ao aluno de fotojornalismo, mais do que a técnica fotográfica, é a possibilidade de ele apresentar uma capacidade de desenvolver temas, contar histórias e ver a narrativa dos fatos com ética e alto senso de responsabilidade.
Aliado a isto é importante fazer retroceder a impaciência e conduzir o aluno a uma atitude mais contemplativa na qual ele possa absorver os elementos que compõem as relações sociais que podem ser registrados nos centésimos de segundos que o aparato se abre ao mundo, e ser fixado em película ou códigos numéricos.
Finalmente, cumpre realçar que fotografia, possuidora de uma certa universalidade, só adquire sentido quando se estabelece uma relação entre o conteúdo e a ação geradora do fato.
Como provocação me atrevo a propor duas questões: será necessário dar sentido à fotografia quando o fotógrafo a compreende como código narrativo? Teríamos então um outro desafio: Ensinar ao leitor que trate da fotografia com certa singeleza, quase delicadeza, a mesma com a qual trataria o “algo-mais-sublime”, seja ele qual for, dentro de seu repertório?
Fim
Foto: celebração da Páscoa no Mosteiro da Ressurreição - Ponta Grossa

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Difusos



voar no hálito dos sonhos e
sobreviver na sombra indelével
da marca de teu sorriso

ou então

o que sobra seria
morrer em teus dias e
acordar com o mar
em minhas mãos

terça-feira, 3 de junho de 2008

FOTOGRAFIA, ENSINO E CELULARES III


O ato de fotografar exige do fotógrafo a compreensão de que o produto final não é somente uma fotografia, é um texto fotográfico que se apresenta para a observação e vai além da contemplação. O concreto e os elementos objetivos orientam o fotógrafo, mas é na subjetividade que ele pode expressar e relacionar seus conceitos mais profundos com a imagem que a ocular lhe oferece. Os segundos que antecedem o disparo são solitários e silenciosos. É quase como o êxtase da expectativa de uma torcida de futebol quando se antecede a possibilidade do gol.
Barthes fala que toda fotografia é uma comprovação da presença do fotógrafo. O “isso foi” noema fotográfico de Barthes é estruturado pela presença real daquele que registrou, mas não basta a presença para que o registro tenha caráter de realidade. Este caráter é diluído pelos cortes, escolhas e decisões tanto do fotografo quanto do editor de fotografia. Exemplo disso é o corte que as fotos do atentado em Madri e a polêmica que as fotografias causaram.
No fotojornalismo, a credibilidade do jornal no qual a imagem se apresenta, agrega valor de legitimidade a ela. Souza apresenta um estudo realizado por James Kelly e Diona Nace, no qual os autores chegaram à conclusão de que “quando a publicação é credível a credibilidade da foto tende igualmente a atingir maiores níveis de credibilidade, e vice-versa”.
Esta curta reflexão sobre o exercício do fotojornalismo mostra que a profissão apresenta contornos complexos que envolvem o aparato técnico; a inclinação ideológica do suporte (jornal) da imagem; os elementos de verdade que o agente fotografado deixou transparecer; a observação igualmente subjetiva do leitor e, principalmente, a subjetividade daquele que registra.
A câmera/celular imprime na construção do olhar fotográfico, algumas facilidades. A simples e maravilhosa possibilidade de registrar tudo e imediatamente deletar o que não presta, ou não é de seu gosto, suprimiu do olhar aprendiz as possibilidades de construções elaboradas que permitem, justamente, compreender a fotografia como linguagem. Não simplesmente um conjunto de códigos numéricos que podem ser rearranjados em poucos segundos.
A ação daquele que empunha seu celular em todos os eventos e passa a registrar tudo que lhe parece interessante, é parecida com a daqueles ao ter uma câmera fotográfica, após a popularização da fotografia no final do sáculo XIX. O registro banal, corriqueiro, ou então particularmente importante como casamentos, nascimentos e mortes, tornou a ato de fotografar algo parecido com um rito.
Sontag ao refletir sobre esse uso popular mais antigo da fotografia, afirma que
“Por meio de fotos, cada família constrói uma crônica visual de si mesma – um conjunto portátil de imagens que dá testemunho de sua coesão. Pouco importam as atividades fotografadas, contanto que as fotos sejam tiradas e estimadas. A fotografia se torna um rito da vida em família exatamente quando, nos países em industrialização na Europa e na América, a própria instituição da família começa a sofrer uma reformulação radical. (...) Esses vestígios espectrais, as fotos, equivalem à presença simbólica dos pais que debandaram. Um álbum de fotos de família é, em geral, um álbum sobre a família ampliada – e, muitas vezes, tudo o que dela resta.
Da mesma forma o registro de tudo e todos em qualquer momento por meio da câmera/celular parece ser um rito, no qual a relação de poder se estabelece não só pela qualidade do aparelho, mas também pelas relações sociais que são registradas. As fotografias anexadas nas páginas digitais de fotologs, orkut e msn parecem equivaler ao registro legal da capacidade de se fazer amigos, ser bem quisto.
Pode-se comparar novamente uma fala de Sontag sobre a popularização da fotografia com as mudanças atuais:
“Em época recente, a fotografia tornou-se um passatempo quase tão difundido quanto o sexo e a dança – o que significa que, como toda forma de arte de massa, a fotografia não é praticada pela maioria das pessoas como uma arte. É, sobretudo um rito social, uma proteção contra a ansiedade e um instrumento de poder”.
Desta maneira a fotografia, que é um código repleto de significados e que exige um apurado senso ético e estético para ter real valor, tem esse valor diluído na possibilidade daquele fotografo que pode reter o maior número de histórias sobre si mesmo e não sobre o seu entorno, embora pareça o contrário. Registrar amigos não é falar de amigos, mas sim falar de quantos ou quais amigos/relações sociais se é capaz de reter.
Daí surge a quase surpresa daqueles que nasceram sob o código numérico (digital), quando são inquiridos sobre a fotografia como linguagem/diálogo. Para a maioria ela é um aparato para guardar lembranças.

continua...
foto: antes de uma tempestade em Itaiacoca, interior do Paraná.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

FOTOGRAFIA, ENSINO E CELULARES II



Aquele que dispara
Santaella ao refletir sobre o fotógrafo como agente, fala de um “campo semântico de uma caça compulsiva”
O operator empunhando a câmera é a figura que observa, escolhe, interfere, dispara e registra.
Cartier-Bresson dizia que “Fotografar é colocar na mesma linha de mira: cabeça, olho e coração”. Flusser observa aquele que dispara e também insinua a presença da caça e do espaço no qual esta se encontra: o espaço social
“Quem observar os movimentos de um fotógrafo munido de aparelho (ou de um aparelho munido de fotógrafo) estará observando movimento e caça. O antiqüíssimo gesto do caçador paleolítico que persegue a caça na tundra. Com diferença de que o fotógrafo não se movimenta em pradaria aberta, mas na floresta densa da cultura”. (p. 35)
Sontag diz que “Embora a câmera seja um posto de observação, o ato de fotografar é mais do que uma observação passiva”.
Á pretensa objetividade jornalística se contrapõe a subjetividade fotográfica. E quando os dois fazeres, o jornalístico e o fotográfico, se unem, o pensar sobre o fotojornalismo e, consequentemente sobre o ensino de fotojornalismo, não pode ser feito sem se buscar compreender o que impulsiona aquele que dispara.
André Kertész compreende a câmera como um aparato para compreender seu entorno. “A câmara é meu instrumento. Através dela dou uma razão a tudo que me rodeia”.
A busca por compreender e também denunciar a sociedade à sociedade, norteou o trabalho do sociólogo norte-americano Lewis Hine que disse: “Se eu pudesse contar a história em palavras, não precisaria carregar uma câmara”.
A fotógrafa Julia Margaret Cameron aponta para a questão do desejo de registrar o belo, dando ao ato de fotografar um caráter de captura, um impulso pessoal ao qual se condiciona o estético. “Desejei reter toda a beleza que surgiu à minha frente, e por fim o desejo foi satisfeito”.
O americano Edward Weston se apropriou do ato fotográfico e mistura a câmera com o olhar/escolha do fotógrafo em duas citações: “Mostrar-lhes aquilo que seus olhos insensíveis perderam” e “Velhos ideais desmoronam de todos os lados, e a precisa e indiferente visão da câmera é, e será cada vez mais, uma força mundial na reavaliação da vida”.
Continua...

Foto: Vila do Conde - Portugal

domingo, 1 de junho de 2008

Amanheci amando

FOTOGRAFIA ENSINO E CELULARES I



Este é o resumo de um artigo que publiquei no livro: Jornalismo, reflexões e experiências, editado pela Pós-escrito em 2007.
O nome do artigo é o mesmo do título desta postagem.

O rápido avanço tecnológico, a popularização da telefonia, graças ao baixo custo de aquisição e manutenção de aparelhos celulares, e o caráter de status agregado ao aparato, levaram para dentro das salas de aula celulares cada vez mais sofisticados. Companheiros inseparáveis dos alunos, os aparelhinhos que no século passado eram responsáveis por facilitar a conversação e minimizar a privacidade - tenho um celular, logo, obrigatoriamente, sou encontrado e quando não, sou questionado - passaram a ter, entre outras, a função de fotografar.
A cada ano, novos alunos entram entusiasmados no curso de Jornalismo e se apresentam cada vez mais paramentados com novos aparelhos e dominando a técnica fotográfica dos celulares.
Porém, fotografar não é somente dominar um conjunto de técnicas. A linguagem fotográfica é repleta de complexidades que devem ser compreendidas por aqueles que estudam jornalismo.
Desde a invenção da fotografia, debate-se sobre ela enquanto forma e linguagem. No fotojornalismo, a discussão se dá em torno do conjunto dos elementos estéticos, éticos e de informação da imagem.
Os primeiros profissionais aperfeiçoadores da fotografia, foram químicos e físicos que buscavam apreender a imagem em haletos de prata e fixá-la. Vencidos os primeiros desafios, George Eastmam (leia-se Kodak) conseguiu popularizar a fotografia. Seu empreendimento aliou tanto tecnologia quanto técnicas de venda. Com o intuito de popularizar a fotografia o empresário patenteou o filme em rolo e criou uma câmera popular que divulgou com a frase: “Você aperta o botão e nós fazemos o resto”. Bastou uma boa campanha e as câmeras fotográficas passaram a fazer parte do universo de grande parte da população mundial. A fotografia, antes restrita a um pequeno número de curiosos com poder aquisitivo e que viam na nova tecnologia a possibilidade de registrar o mundo, passou a compor um novo espaço: o de álbuns de família.
Baynes (in Souza) sugere que em 1904 o primeiro tablóide fotográfico, o inglês Daily Mirror retirou da fotografia o estigma de "ilustração" e a elevou ao nível da escrita, enquanto importância de conteúdo. Observação adequada é a de que o mesmo Daily Mirror publicou em 2004 fotos falsas mostrando supostos abusos de prisioneiros pelas tropas britânicas no Iraque.
Em 102 anos, a fotografia jornalística passou por diversas fases de adaptação às tecnologias que procuram facilitar e agilizar o processo de captação e impressão.
Câmeras menores, filmes mais sensíveis e com maior definição, flashes mais potentes e com luz mais difusa, objetivas mais luminosas foram importantes para que a fotografia jornalística evoluísse como linguagem, e a própria linguagem e credibilidade que a fotografia passou a ter exigiu do mercado novas invenções.
Às inovações tecnológicas juntou-se a compreensão da fotografia enquanto linguagem e também a reflexão sobre a recepção.
Para elaborar sua tese sobre a fotografia Roland Barthes observou que “a foto pode ser objeto de três práticas (ou de três emoções, ou de três intenções): fazer, suportar, olhar”. O fazer se refere ao Operator, àquele que fotografa. O suporte fotográfico é o Spectrum ou aquele, aquela ou aquilo que se deixa fotografar. E finalmente o Spectator é todo aquele que consome as informações que a fotografia apresenta.
O espectador que ao se deparar com um número cada vez maior de imagens em seu cotidiano, deixou de percebê-la, passou a fazer parte das preocupações daqueles que fotografam e, principalmente daqueles que vendem as publicações nas quais elas estão inseridas. Para chamar a atenção do leitor, a fotografia jornalística passou a resvalar em terrenos perigosos como os do sensacionalismo, da intrusão, espetacularização e recentemente da manipulação digital.
Santaella no livro Imagem: Cognição, Semiótica e Mídia aponta para três momentos da fotografia: pré-fotográfico, fotográfico e pós-fotográfico. O momento pré-fotográfico é o da imagem antes do advento da fotografia, desde as imagens rupestres às ilustrações. O Fotográfico durou desde a invenção da fotografia até o surgimento da tecnologia digital.
Essas distinções ou paradigmas, longe de serem meramente uma marcação temporal/cronológica do processo fotográfico, são os pontos de partida para reflexões sobre o caráter documental da fotografia e a dificuldade de ensinar fotografia em tempos de celular fotográfico.
Se por um lado a tecnologia fotográfica serve para ajustar ou re (alocar) o tempo entre o ato de fotografar e a página impressa, por outro, quando mal utilizada, a banaliza.
Barthes discorreu sobre a fotografia a partir de duas das três práticas: Spectator e Spectrum. O autor, distante da tecnologia digital que permite ver imediatamente o que se produz, justifica pelo fato de não ser fotógrafo o não questionamento do ato de fotografar: “Uma dessas práticas me estava barrada e eu não devia procurar questiona-la: não sou fotógrafo, sequer amador: muito impaciente para isso: preciso ver imediatamente o que produzi”
A ação do que fotografa (Operator) e uma inquietação sobre o ensino do fotojornalismo são os elementos geradores desta discussão que, em particular, se desenvolve em torno das novas tecnologias que ampliam a interface do jornalismo e apontam para a necessidade de mudança na formação jornalística. Essa necessidade se apresenta pelo fato de o aluno de fotojornalismo adaptado ao aparato tecnológico, parece não compreender, com exatidão, a linguagem e a importância da fotografia enquanto registro complexo da história e que pode causar grande impacto naquele que é o gerador da informação (Spectrum) e também naquele que a contempla (Spectator).

Continua....