sexta-feira, 10 de outubro de 2008

"Acalme-se e mire bem. O senhor vai matar um homem"

A frase foi dita com voz de comando por Che ao seu captor, Sargento Mario Teran, no dia 9 de outubro. Morreria logo depois.

Na carta que enviou a Fidel em 1965, quando fracassou sua odisséia africana de sete meses, Che dizia: "Não podemos libertar sozinhos um país que não quer lutar".
Segue a carta:
" Ano da Agricultura"
Havana
Fidel:
Recordo nesta hora de muitas coisas, de quando o conheci na casa de Maria Antonia, de quando você me propôs que viesse, de toda a tensão dos preparativos. Um dia perguntaram a quem se devia avisar em caso de morte e a possibilidade real do fato chocou a todos. Depois soubemos que estava correto, que em uma revolução se vence ou se morre (se é verdadeira). Muitos companheiros ficaram ao longo do caminho até a vitória. Hoje tudo tem um tom menos dramático porque estamos mais maduros, mas o fato se repete. Sinto que cumpri a parte de meu dever que me ligava à Revolução Cubana em seu território e me despeço de você, dos companheiros, de seu povo que já é meu. Renuncio formalmente a meus cargos na direção do partido, a meu cargo de ministro, a meu grau de comandante, a minha condição de cubano. Nada legal me liga a Cuba, apenas laços de outro tipo, que não podem ser rompidos com as nomeações. Fazemos um balanço de minha vida passada, creio Ter trabalhado com suficiente honradez a dedicação para consolidar o triunfo revolucionário. Minha única falha de alguma gravidade foi não Ter confiado mais em você, desde os primeiros primeiros momentos de Sierra Maestria, e não Ter compreendido com suficiente rapidez suas qualidades de guia e revolucionário. Vivi dias magníficos e senti ao seu lado orgulho de pertencer a nosso povo nos dias luminosos e triste da crise do Caribe. Poucas vezes brilhou mais alto um estadista que naqueles dias; me orgulho também de têlo seguido sem vacilações, indentificado com sua maneira de prensar; bem como de ver avaliar os perigos e os princípios. Outras terras do mundo reclamam o concurso de meus modestos esforços. Posso fazer o que lhe é negado por sua responsabilidade à frente de Cuba e chegou a hora de nos separarmos. Saiba que o faço com misto de alegria e dor; aqui deixo a mais pura de minhas esperanças de guia e o mais querido enter meus seres queridos... e deixoum povo que me recebeu como um filho; isso lacera uma parte de meu espirito. Nos campos de batalha, levarei a fé que você me inculcou, o espirito revolucionário de meu povo; a sensação de cumprir com com o mais sagrado dos deveres: lutar contra o imperialismo onde quer que esteja; isso reconforta e cura qualquer ferida. Digo uma vez mais que libero Cuba de qualquer responsabilidade, salvo a que emane de seu exemplo. Se chegar minha hora definitiva sob outros céus, meu último pensamento será para este povo e especialmente para você. Agradeço todos os seus ensinamentos e o seu exemplo, a que tratarei de ser fiel até as últimas conseqüências de meus atos. Quero dizer que sempre estive identificado com a política externa de nossa revolução e assim continuo. Onde quer que vá, sentirei a responsabilidade de ser revolucionário cubano e como tal atuarei. Não deixo para meus filhos e minha mulher nada material e não lamento: alegro-me que assim seja. Não peço nada para eles, pois o estado lhe dará o suficiente para viver e se educarem. Teria muitas coisas a dizer a você e ao nosso povo, mas sinto que são desnecessárias; as palavras não podem expressar o que eu gostaria e não valeria a pena rabiscar apressado qualquer coisa em um bloco.

Até a vitória sempre! Pátria ou morte!
Um abraço com todo fervo revolucionário
Che

Um comentário:

Anônimo disse...

Zazá!

Vi agora no e-mail que você mandou o endereço do blog!

FANTÁSTICO!!!!

Adorei mesmo! Fiquei aqui lendo todos (desde o começo) e me perdi no tempo!

Que tel postar algumas fotos do nosso livro?

Vou visitar sempre!!!!

Beijos,
Bernardo