Feita de porcelana, a sopeira da minha bisavó exibe a brancura marcada pelos anos na mesa da sala de estar em meio a livros de fotografia e de pintura.
Entre livros tão ilustres e eruditos tenta parecer peça rara e se empertiga dando lustro na belezura para tentar sentir por si o amor esquecido no tempo.
Livre da função de guardar a sopa aquecida, a sopeira nem se lembra mais do sabor do sal que teimava em grudar no recôncavo de suas curvas.
Todas as noites, quando a luz da lua atravessa a janela, a sopeira sussurra saudade e a sala de estar se enche de poesia.
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