Há dois dias estou embrenhada nas Bicicletas de Montreal, de Carlos Dala Stella.
O livro tem mais de oitenta desenhos e fotografias.
Cada página é um universo.
Um tira-gosto:
"Alimentado pelo primeiro veio da intuição, talvez eu procurase algo imprevisto, gratuito como o ar, as nuvens, um olhar. Foi assim que acabei encontrando as bicicletas.
(...)
Aos poucos fui compreendendo que cada instante se abre e fecha para sempre. Era preciso estar atento. Mais do que atento, eu precisava me por à disposição, curiosa mas humildemente à disposição da infinita realidade.
(...)
Também não era minha bicicleta, era pouco mais que nada, a sombra fecunda de minha ignorância, negra e alegre.
(...)
Essas bicicletas são um desperdício de tempo jogado fora, graças ao qual me mantive vivo."
Carlos Dala Stella