09-05-1929
12-08-2010
Minha lembrança mais remota é a de um homem muito alto com olhos sorridentes que me carregava para perto das nuvens. Acho que foi a experiência de experimentar a proximidade do céu, nos braços do meu pai, que me ensinou a sonhar e a sorrir com os olhos. A acreditar que o mundo e as gentes que o habitam são bons, mesmo quando teimam em ser ruins. A crer que a melhor herança não é aquela que se gasta, mas sim a única que pode ser eterna: uma caixa repleta de boas lembranças.
Partilho com vocês um bolo de aniversário em formato de castelo feito pelas mãos do confeiteiro; algumas horas perdidas em uma loja feminina a escolher um vestido vermelho para o primeiro baile com o primeiro namorado; o som do coração e o calor do colo paterno antes de dormir; a laranja descascada de uma única vez e o sorriso cúmplice quando a casca se partia e rapidamente a jogávamos no lixo deixando para trás, sempre com bom humor, aquilo que teimava em nos vencer; as panelas de doces sempre fartas de “restinhos” para raspar; os chás para curar tudo do “doutor cipó”; o foguetório em qualquer ocasião do Mané Fogueteiro; as receitas de emagrecer que consistiam em conselhos de comer por um para ter o corpinho de um; os anjinhos feitos de isopor e lantejoulas distribuídos no Natal; os ninhos de Páscoa que faço há 45 anos; as distrações que faziam o carro parar no muro ou no paralama dos carros dos vizinhos; o jardim bem cuidado repleto de flores e sempre com uma mudinha de babosa para dar de presente a um convertido aos benefícios da planta; as noites nos velórios que deviam ser animadas, porque afinal “a vida é uma celebração e a morte uma distinção”; as brincadeiras no mar que o assustava – nunca aprendeu a nadar – e o fascinava; a alegria intensa e a gratidão que devemos ter por cada instante; os olhos marejados e assustados quando a violência rondou minha vida; as horas dispensadas na procura de um carro bonito – acabamos por comprar o mais bonito do pátio – vermelho lustroso e com muitos problemas mecânicos, mas estávamos orgulhosos da nossa compra; do sorriso esboçado no último dia dos pais quando as novidades do meu coração o fizeram se alegrar; dos olhos que brilharam quando ao me despedir disse” te amo”...
Há uma vida dentro dessa caixa e tenho certeza que outra caixa, igualzinha a essa, está a ser aberta lá no céu eternizando essa existência brilhante que tive o privilégio de partilhar.
Partilho com vocês um bolo de aniversário em formato de castelo feito pelas mãos do confeiteiro; algumas horas perdidas em uma loja feminina a escolher um vestido vermelho para o primeiro baile com o primeiro namorado; o som do coração e o calor do colo paterno antes de dormir; a laranja descascada de uma única vez e o sorriso cúmplice quando a casca se partia e rapidamente a jogávamos no lixo deixando para trás, sempre com bom humor, aquilo que teimava em nos vencer; as panelas de doces sempre fartas de “restinhos” para raspar; os chás para curar tudo do “doutor cipó”; o foguetório em qualquer ocasião do Mané Fogueteiro; as receitas de emagrecer que consistiam em conselhos de comer por um para ter o corpinho de um; os anjinhos feitos de isopor e lantejoulas distribuídos no Natal; os ninhos de Páscoa que faço há 45 anos; as distrações que faziam o carro parar no muro ou no paralama dos carros dos vizinhos; o jardim bem cuidado repleto de flores e sempre com uma mudinha de babosa para dar de presente a um convertido aos benefícios da planta; as noites nos velórios que deviam ser animadas, porque afinal “a vida é uma celebração e a morte uma distinção”; as brincadeiras no mar que o assustava – nunca aprendeu a nadar – e o fascinava; a alegria intensa e a gratidão que devemos ter por cada instante; os olhos marejados e assustados quando a violência rondou minha vida; as horas dispensadas na procura de um carro bonito – acabamos por comprar o mais bonito do pátio – vermelho lustroso e com muitos problemas mecânicos, mas estávamos orgulhosos da nossa compra; do sorriso esboçado no último dia dos pais quando as novidades do meu coração o fizeram se alegrar; dos olhos que brilharam quando ao me despedir disse” te amo”...
Há uma vida dentro dessa caixa e tenho certeza que outra caixa, igualzinha a essa, está a ser aberta lá no céu eternizando essa existência brilhante que tive o privilégio de partilhar.
7 comentários:
Zaclis querida
Que estas lembranças tão boas possam te confortar neste momento de perda.
um abraço fraterno do amigo
Beto Viana
E eu, de uma banda da tua família que não tinha, nem de longe, a mesma vocação para a vida que tinha meu tio, sou grata por conhecer, pelas bordas, essa alegria, essa invejável leveza de que certas pessoas são capazes.
Brilhante, doce e terno.
Homenagem linda, repleta de sensibilidade e sabedoria.
Beijo enorme e solidário para ti.
Xana
Só sei dizer assim
Escorrendo nas paredes do rosto
O sentir dessa partida,
Não é tristeza, é o mosto
Da própria vida...
Recordar dos que partem a largueza
Dos seus sentimentos
Dão-nos a alegria, e uma certeza
Do quanto grande era a beleza
Que nos trazia a todos os momentos.
Ficam gratas recordações
que nos estruturam por dentro
A que recorremos inconscientemente
Usando de igual modo nas etapas da vida
O seu lindo sorriso complacente
que em nossas falhas foi guarida
E assim sem mágoa ou dor
o deixamos partir convictos
que em todos deixou amor
e sempre será lembrado
como um ser muito amado.
Diamantino
[amo-te,querida Zaclis.
muito. muito.]
Beto, Ayde, Xana, Diamantino e Marta
Muito, muito obrigada
beijo
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