quinta-feira, 29 de abril de 2010

Projeções

Em 2000, quando estava voltando do meu mestrado em multimeios, com muitas idéias na cabeça e alguns malucos para me acompanhar, resolvi fazer um espetáculo multimídia.
A minha amiga Marília, que já era professora do grupo de teatro do curso de Jornalismo da universidade e tão fora da casinha quanto eu, comprou a idéia. Alguns alunos resolveram participar.
A história era a de um homem e seus sentimentos e lembranças. Os sentimentos eram mostrados por meio de fotografias projetadas nas telas laterais do auditório através de slides operados manualmente. A proposta era trabalharmos com múltiplas linguagens em uma época que múltipla representava dois mais um e não passava disso.
Depois de muitos e exaustivos ensaios estreamos. E, naquele dia, o abençoado projetor de slides resolveu deixar de fazer aquilo que melhor sabia: projetar.
O ator tinha sua marcação pelo claque, claque característico da máquina e, nos três primeiros minutos de peça, só silêncio. E nada de atuação.
Depois de algum tempo constrangedor ele resolveu improvisar.
Depois de algum desespero e de certo jeitinho (diga-se tapas) a máquina resolve expelir a primeira seqüência de fotos: um parque, uma mulher, olhos, coração e o que era para estar no texto das lembranças da infância estava nas lembranças dos anos prisão... e assim seguiu. Saudade virou morte; amante virou mãe; instinto assassino se transformou em brincadeira de parque e um tango que era para ser dançado na noite curitibana foi parar dentro de uma máquina de escrever.
Ao final, aplausos. Foi um sucesso!
E ali comecei a descobrir o sentido da arte contemporânea.
Não sei exatamente o motivo, mas lembrei dessa história ao ver o vídeo que me foi mandado por meu aluno Renato.

Um comentário:

Willian Bressan disse...

Somente digo isso: estou apaixonado.