Essa foi a frase que ouvi de meu pai logo que entrei no hospital onde fui visitá-lo.
Ele está com sérios problemas respiratórios causados, em grande parte, pelo consumo de cigarros.
Meu pai sempre foi avesso aos médicos e à medicina tradicional (o que lhe rendeu o apelido de Doutor Cipó). Se os médicos fossem bons, dizia ele, não morriam antes de mim.
Vinte anos atrás precisou fazer uma cirurgia de catarata. Para isso fez diversos exames. Fui junto com ele a um dos médicos que lhe disse que se não parasse de fumar imediatamente teria mais 2 anos de vida, no máximo.
Isso o assustou.
Jurou que pararia naquele dia.
O médico, provavelmente acostumado com promessas de caixa, pediu o maço que se mostrava no bolso da camisa.
Com a mão no peito para segurar o Minister carteira azul que queriam lhe tirar, meu pai prometeu que aqueles seriam seus últimos cigarros.
O médico duvidou e eu desconfiei.
Mas, mesmo assim, me candidatei a censora e fomos embora.
Entramos no carro e logo um cigarro foi à boca. Eu preciso! Disse ele, ao ver meu olhar mortal.
A tarde passou lenta no meio da fumaça azulada.
No fim da noite o maço tinha um último rolo branco com filtro amarelo.
Depois de tragar lenta e intensamente o dito cujo e de me provocar com o olhar meu pai nunca mais fumou.
Agora, vai lutar contra a indústria do fumo.
Afinal, disse ele, alguém tem que escutar um viciado de 82 anos.
2 comentários:
até dói querida Zaclis!
vou imprimir este teu post e pôr na porta do meu frigorífico para, pela terceira vez na vida, deixar de fumar! Definitivamente :)
abraço
e outro nesse SENHOR de 82 anos...que já se está a fazer ouvir!
Marta, contei ao meu pai tua reação. Ficou feliz e ainda mais entusiasmado.
beijo
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